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sábado, 24 de dezembro de 2011

Boas Festas e um Feliz 2012



O coletivo estadual APEOESP Na Escola e na Luta 
deseja a todos Boas Festas e um Feliz 2012 
repleto de conquistas e realizações de todos os   projetos 
 individuais e coletivos e que seja um novo ano de avanços e conquistas como diz o cartão anexado e que " os justos avancem " nas lutas por uma sociedade mais justa, fraterna  e igualitária

Abraços a todos e todas
Coordenação estadual do coletivo

sábado, 17 de dezembro de 2011

Resolução SE 81, de 16-12-2011

[Publicado no DO de 17-12-11, p.28]


Estabelece diretrizes para a organização curricular do ensino fundamental e do ensino médio nas escolas estaduais


O Secretário da Educação, considerando a necessidade de adequar as matrizes curriculares da educação básica às diretrizes nacionais e às metas da política educacional, resolve:
Artigo 1º - a organização curricular anual das escolas estaduais que oferecem ensino fundamental e ensino médio desenvolver-se-á em 200(duzentos) dias letivos, com a carga horária estabelecida pela presente resolução.
Artigo 2º - o ensino fundamental terá sua organização curricular desenvolvida em regime de progressão continuada, estruturada em 9 (nove) anos, constituída por dois segmentos de ensino (ciclos):
I - anos iniciais, correspondendo ao ensino do 1º ao 5º ano;
II - anos finais, correspondendo ao ensino do 6º ao 9º ano.
Parágrafo único - As unidades escolares que ainda venham a manter, em 2012, a organização curricular seriada, deverão proceder aos ajustes necessários à organização anual ora estabelecida.
Artigo 3º - no segmento de ensino correspondente aos anos iniciais do ensino fundamental, de que trata o Anexo I desta resolução, deverá ser assegurada a seguinte carga horária:
I - em unidades escolares com até dois turnos diurnos: carga horária de 25 (vinte e cinco) aulas semanais, com duração de 50 (cinquenta) minutos cada, totalizando 1.000 (mil) aulas anuais;
II - em unidades escolares com três turnos diurnos e calendário específico de semana de 6 (seis) dias letivos: carga horária de 24 (vinte e quatro) aulas semanais, com duração de 50 (cinquenta) minutos cada, totalizando 960 (novecentas e sessenta) aulas anuais.
Parágrafo único - As aulas das disciplinas de Educação Física e de Arte, previstas nas matrizes curriculares dos anos iniciais, deverão ser desenvolvidas:
1 - com duas aulas semanais, por professor especialista na conformidade do contido no Anexo I, que integra esta resolução;
2 - com acompanhamento obrigatório do professor regente da classe e do Aluno/Pesquisador da Bolsa Alfabetização, quando for o caso;
3 - em horário regular de funcionamento da classe;
4 - pelo professor da classe, quando comprovada a inexistência ou ausência do professor especialista.
Artigo 4º - no segmento de ensino correspondente aos anos finais do ensino fundamental deverá ser assegurada a seguinte carga horária:
I - no período diurno, em unidades escolares com até dois turnos diurnos: carga horária de 30 (trinta) aulas semanais, sendo 6 (seis) aulas diárias, com duração de 50 (cinquenta) minutos cada, totalizando 1.200 (mil e duzentas) aulas anuais, conforme disposto no Anexo II que integra esta resolução;
II - no período diurno, em unidades escolares com três turnos diurnos, apresentando calendário específico e semana de 6 (seis) dias letivos: carga horária de 24 (vinte e quatro) aulas semanais, com duração de 50 (cinquenta) minutos cada, totalizando 960 (novecentas e sessenta) aulas anuais, na conformidade do Anexo III desta resolução;
III - no período noturno: carga horária de 27 (vinte e sete) aulas semanais, com duração de 45 (quarenta e cinco) minutos cada, totalizando 1.080 (mil e oitenta) aulas anuais, sendo que as aulas da disciplina Educação Física deverão ser ministradas fora do período regular de aulas ou aos sábados, conforme dispõe o Anexo IV que integra esta resolução.
Artigo 5º - o ensino médio, desenvolvido em três séries anuais, terá sua organização curricular estruturada como curso de sólida formação básica que abre, para o jovem, efetivas oportunidades de consolidação das competências e conteúdos necessários ao prosseguimento dos estudos em nível superior e/ ou à inserção no mundo do trabalho.
Parágrafo único - o ensino médio terá sua matriz curricular organizada:
1 - no período diurno: com carga horária de 30 (trinta) aulas semanais, sendo 6 (seis) aulas diárias, com duração de 50 (cinquenta) minutos cada, totalizando 1.200 (mil e duzentas) aulas anuais, conforme dispõe o Anexo V desta resolução;
2 - no período noturno: com carga horária de 27 (vinte e sete) aulas semanais, sendo 5 (cinco) aulas diárias, com duração de 45 (quarenta e cinco) minutos cada, totalizando 1.080 (mil e oitenta) aulas anuais, observando-se que as aulas da disciplina Educação Física deverão ser ministradas fora do período regular de aulas ou aos sábados, conforme dispõe o Anexo VI que integra esta resolução.
Artigo 6º - Os cursos da modalidade de educação de jovens e adultos, nos ensinos fundamental e médio, observada a organização
semestral que os caracteriza, adotarão, respectivamente, as matrizes curriculares objeto dos Anexos IV e VI da presente resolução, exceto com relação às aulas de Ensino Religioso, de acordo com o contido na Resolução SE nº 21, de 29.1.2002.
Artigo 7º - o Ensino Religioso, obrigatório à escola e facultativo ao aluno, será oferecido aos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, se houver demanda, na conformidade do que dispõe a Resolução SE nº 21, de 29.1.2002.
Artigo 8º - a Língua Espanhola, obrigatória à escola e facultativa ao aluno, será oferecida, fora do horário regular de aulas, a alunos da 1ª série do Ensino Médio, se houver demanda, de acordo com as disposições da Lei federal nº 11.161, de 5.8.2005 e da Resolução SE nº 5, de 14.1.2010.
Artigo 9º - As matrizes curriculares, constantes dos Anexos que integram esta resolução, deverão ser adotadas a partir do próximo ano letivo, em todos os anos e séries que compõem os ensinos fundamental e médio, respectivamente.
Artigo 10 - Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação, ficando revogadas as disposições em contrário, em especial a Resolução SE nº 98, de 23 de dezembro de 2008.


ANEXO I
Matriz Curricular Básica para o Ensino Fundamental
Ciclo I – 1º ao 5º ano
Disciplinas - Ano/aula (%)



ANEXO II
Matriz Curricular Básica para o Ensino Fundamental
Ciclo II – 6º ao 9º ano
Período Diurno
Disciplinas - Ano/aula

*Ensino Religioso – Se não houver demanda acrescentar 1 (uma) aula para Matemática.


ANEXO III
Matriz Curricular Básica para o Ensino Fundamental
Ciclo II – 6º ao 9º ano
Período Diurno Três Turnos
Disciplinas - Ano/aula

* Ensino Religioso – Se não houver demanda acrescentar 1 (uma) aula para Língua Portuguesa ou para Matemática.


ANEXO IV
Matriz Curricular Básica para o Ensino Fundamental
Ciclo II – 6º ao 9º ano
Período Noturno
Disciplinas - Ano/aula

*Educação Física deve ser oferecida no contraturno ou aos sábados.
** Ensino Religioso – Se não houver demanda, acrescentar 1 (uma) aula para Matemática.




ANEXO V
Matriz Curricular – Ensino Médio
Período Diurno



ANEXO VI
Matriz Curricular – Ensino Médio
Período Noturno

*A Educação Física deve ser oferecida no contraturno ou aos sábados.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O leninismo de Gramsci !

O leninismo de Gramsci

É costume opor Gramsci ao leninismo. O marxista italiano teria mostrado que os caminhos da revolução na Europa Ocidental seriam opostos aos que defendia Lênin. Afinal, o revolucionário russo vivia em um país sem instituições democráticas e organizações populares e operárias fortes.

Mas Lênin nunca ignorou isso. É o que mostra o marxista inglês Chris Bambery no texto “Hegemony and revolutionary strategy”. Segundo Bambery, Lênin teria dito que na:
...Europa Ocidental será muito mais difícil começar a revolução proletária do que foi na Rússia. Mas será muito mais fácil mantê-la e concluí-la.
Uma conclusão que necessariamente levaria a caminhos táticos diversos daqueles que Lênin defendeu para a Rússia. Por outro lado, tal situação não obrigou Gramsci a abandonar o leninismo. Ao contrário do que o stalinismo e a direita dizem, Lênin não era um líder inflexível. 

O revolucionário russo não hesitava em abandonar seus pontos de vista caso se mostrassem equivocados. E fez isso várias vezes em sua vida política. Quando Gramsci se voltou para a tarefa de pensar a revolução na Europa usou essa flexibilidade para fazê-lo.

Mas em seus escritos políticos do período de 1921 a 1926, Gramsci reafirmou como tarefas principais do partido comunista:
a) organizar e unificar o proletariado industrial e rural; b) organizar e mobilizar em torno do proletariado as forças necessárias para a vitória da revolução e a fundação do Estado dos trabalhadores; c) colocar para os proletários e seus aliados a questão da insurreição contra o Estado burguês e a luta pela ditadura do proletariado, e guiá-los política e materialmente rumo à sua solução, através de uma série de lutas parciais.
Alguns podem dizer que tais posições são anteriores à vitória fascista que esmagou os comunistas. Situação que teria levado Gramsci a abandonar o leninismo.

A isso Bambery responde com o famoso artigo “As antinomias de Antônio Grasmsci”, de Perry Anderson, de 1976. O texto lembra que a ditadura do proletariado e a derrubada violenta do Estado burguês sempre foram centrais para o leninismo. E que tais princípios:
... nunca foram questionados por Gramsci. Pelo contrário, quando começou a sistematizar sua teoria na prisão, ele parece tê-los assumido como tão evidentes que mal se deu ao trabalho de citá-los.
Ou seja, Gramsci renovou dialeticamente Lênin, tal como este fez com Marx. Todos a serviço da luta dos trabalhadores.

O texto que traz as citações acima pode ser acessado na íntegra, em inglês, aqui.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Relato da audiência do secretário de educação na Assembleia de SP


Na Audiência com o secretário de educação na Alesp realizada ontem nada foi apresentado de novo !

Houve várias intervenções de representantes do magistério, dos supervisores e dos funcionários de escola reivindicando pontos para a melhoria da educação.

O ponto mais abordado foi o da divisão das férias. Também tiveram destaque a Lei do Piso, a atribuição de aulas para os L e O, o plano de carreira e a situação dos aposentados.
Quando o secretário de educação tomou a palavra ele estava muito nervoso e disse que se fosse interrompido se retiraria da audiência. Logo em seguida, afirmou que a sua gestão é a mais democrática do passado e do futuro da pasta.

O secretário se lamentou de não ouvir elogios às suas ações, em particular sobre ele ter instituído uma comissão para discutir a carreira. Sobre a carreira, ele reiterou a defesa da meritocracia.
Em relação ao salário ele afirmou ter havido um grande avanço, mas reconhece a insuficiência dos índices aprovados. Disse ainda que está disposto a negociar sempre.

Ao tratar da atribuição dos categoria L e O, o secretário declarou que a questão é legislativa, de responsabilidade da Assembleia Legislativa (ALESP). Acrescentou que o governo enviará projetos para a ALESP para reduzir a quarentena.
A jornada da Lei do Piso foi tratada laconicamente: “O governador já se pronunciou, vamos cumprir a lei”.

Ao final, ele falou das férias repartidas. Iniciou dizendo que a preocupação maior é com as crianças. Prosseguiu afirmando que a proposta era originada das reivindicações dos professores uma vez que ele ouviu em todos os polos realizados no primeiro semestre que a atribuição deveria ser em dezembro. E arrematou falando que a atribuição não será em dezembro porque as entidades do magistério não apresentaram uma proposta de atribuição para dezembro (a responsabilidade pela atribuição não é do governo?).

Na sua conclusão, ele acenou com a possibilidade de retardar a atribuição para os últimos dias de janeiro e afirmou que se houver condições de realizar a atribuição em dezembro de 2012, a divisão das férias não continuará em 2013.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Ainda a jornada do Piso...

Título justo da matéria abaixo seria: Justiça manda a Secretaria de Educação cumprir a lei que ela fingia que não era com ela. 

Justiça manda SP cumprir carga horária de piso para professor

Legislação aprovada em 2008 e validada pelo STF estabelece que um terço do tempo remunerado é para atividades fora da sala de aula
 iG São Paulo | 28/11/2011 19:13 - Atualizada às 20:22

A Justiça concedeu liminar ao Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp) para que a lei do piso para professor se aplique a todos os 225 mil docentes ativos da rede a partir de 2012. Com isso, um terço da carga horária remunerada dos professores precisa ser reservado à formação e outras atividades além da aula. Atualmente, a Secretaria Estadual de Educação paulista separa apenas 17% do tempo de trabalho para preparo do profissional e das atividades.

A lei 11.738, que trata do piso nacional, foi aprovada em 2008 e questionada juridicamente por alguns Estados. Este ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou o recurso improcedente e aprovou todo o teor da lei que exige remuneração mínima - hoje em R$ 1.187 por 40 horas semanais - e que ao menos um terço das horas recebidas sejam cumpridas fora de sala de aula.  A Apeoesp entrou com ação pelo não cumprimento da lei e o juiz Luiz Fernando Camargo de Barros Vidal, da 3ª Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo, concedeu na tarde desta segunda-feira, liminar que estabelece o cumprimento da legislação.
No seu despacho o Juiz informa que a Secretaria da Educação “silenciou” frente à possibilidade de manifestação preliminar. Na sequência, informa que a Fazenda Pública do Estado se manifestou afirmando que a jornada de trabalho estadual deve prevalecer sobre a lei federal. O juiz não aceitou a argumentação e concluiu que o cumprimento da lei interessa não apenas aos professores, mas também aos alunos, “posto que a providência concorre para a melhoria das condições de ensino.”
Após recordar às razões pelas quais o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela integral constitucionalidade da lei o despacho do juiz afirma: “Deste modo, e porque o pensamento do juízo é concordante com o entendimento do STF, e mesmo porque seria veleidade decidir em sentido contrário, não há razão alguma para deixar de ser acolhido o argumento contido na inicial a respeito da pronta eficácia e aplicabilidade da norma legal.”
"Se, portanto, a Secretaria da Educação tinha alguma dúvida sobre como aplicar a lei, não resta mais nenhuma. Deve simplesmente cumpri-la tal como está redigida, destinando no mínimo 33% do total da jornada de trabalho de cada professor para atividades extraclasses", comemorou a presidente do sindicato, Isabel Noronha.
Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo disse que "o secretário da Educação (Herman Voorwald)  respondeu, por meio de informações para a Procuradoria Geral do Estado, aos questionamentos a ele encaminhados". A pasta informou que só se manifestará sobre a decisão após ser notificada da referida liminar.

No entanto, em matéria de abril, a Secretaria já dizia que concordava com a medida. O que não se entende é porque até agora nada foi feito. 

SP terá de dobrar tempo de preparo de aula para atender lei
Em São Paulo, professores passam 17% da carga horária em atividade fora da sala de aula, STF determinou 33%
Cinthia Rodrigues, iG São Paulo | 27/04/2011 19:34

Os professores da rede estadual paulista poderão ter o dobro do atual tempo remunerado para formação e preparo de aulas. O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu concordar com toda a lei do piso salarial para docentes que era questionada por alguns Estados, inclusive com o trecho que previa a destinação de um terço (33,33) da carga horária para atividades extraclasse. Atualmente, os educadores de São Paulo têm apenas 17% de horas remuneradas fora da sala de aula.

O porcentual deve sofrer alteração em breve. De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, antes mesmo da votação ocorrida nesta quarta-feira no STF, o secretário Herman Voorwald já havia manifestado intenção de ampliar o período voltado a atividades de formação e preparo de aulas.
A nova divisão da carga horária deve ser anunciada no Plano de Carreira nos próximos dias. O documento está sendo elaborado junto com as alterações no ensino fundamental e médio que foram debatidas com a rede nos últimos meses.
Atualmente, um professor contratado para trabalhar 40 horas semanais na rede estadual paulista deve ministrar 33 horas de aula e tem apenas sete para Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC), que deve ser feito na escola junto com a equipe gestora e pedagógica e o Horário de Trabalho Livre (HTPL), que pode ser individual e fora da instituição de ensino. Se for atendida a lei do piso salarial, que recebeu aval do STF, este mesmo professor daria apenas 27 horas de aulas e teria 13 outras para se preparar.
O aumento do horário fora da sala de aula, implicaria, necessariamente, na contratação de mais professores para garantir as aulas.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

DIA MUNDIAL DE LUTA CONTRA A AIDS


O laço vermelho, símbolo universal da conscientização sobre a AIDS, já está sendo confeccionado em muitas escolas em atividades multidisciplinares, com o objetivo de informar e envolver os estudantes nas discussões sobre sexualidade e prevenção das DST e Aids. Neste ano, escolas de todo o País foram convocadas para participar da Campanha do Laço Vermelho 2011. No dia 1º de dezembro haverá ações de conscientização em várias escolas do Brasil.




A convocação da comunidade escolar para amplificar a conscientização sobre a doença é uma das ações previstas pela Recomendação 200 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), ratificada pelo Brasil em junho de 2010. A recomendação trata sobre os trabalhadores soropositivos e prevê a intensificação das ações em defesa dos direitos e da dignidade das pessoas atingidas pela Aids.



Sindicatos filiados à CNTE estão participando dos debates realizados pelo MEC para implementar esta recomendação internacional em São Paulo.



Professores, coordenadores pedagógicos, diretores de escola e toda a comunidade escolar devem empenhar-se em levar à sala de aula o inadiável debate sobre a prevenção de doenças e de gravidez precoce.



O acesso a informações, o respeito e a auto-estima podem orientar os jovens para que iniciem sua vida sexual de forma saudável e responsável. (CNTE, com informações da APEOESP, 21/11/2011)

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Valorização docente deve ser assumida por toda a sociedade


“Os professores precisam ser ouvidos”. Essa pode ser considerada a máxima do debate Valorização Docente no Brasil, que aconteceu na quarta-feira dia 9. O debate fez parte das atividades do lançamento da Vozes da Educação – Rede pela Valorização d@s Docentes Latino-american@s.

Do site do Observatório da Educação.


Os debatedores apontaram que os professores não são ouvidos nem para a elaboração de políticas públicas, nem como fontes da imprensa sobre a educação, apesar de ser sempre apontado com o sujeito dos erros e acertos.
“Vivemos no Brasil um momento grave de satanização e a santificação do professor. Satanização no sentido de que todos os problemas da educação recaem sobre o docente. Como se o docente fosse um profissional extremamente desinteressado, que não quer responder a metas. Por outro lado, o professor é santificado, como aquele elemento que mobiliza o aluno, que passa por cima das dificuldades e consegue dar conta”, afirmou Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
Álvaro Hypolito, professor visitante da UFMG, esteve no debate pela Rede Latino-Americana de Estudos sobre Trabalho Docente (Red Estrado), que coordena no Brasil. Como pesquisador, problematizou o desestímulo por parte de agências de fomento para pesquisas sobre a educação básica.
Respondendo a uma usual crítica, de que essas pesquisas “não interferem” nas políticas, afirmou “não é que a pesquisa não interfere. É que tudo o que dizemos não é ouvido, e os governantes surgem com propostas que ninguém sabe da onde saíram”.
Fala, Educador!
Daniel Cara lembrou que a nascente rede Vozes da Educação, tem ligação com a história da Lei da Mordaça e sua recente queda em São Paulo, e de como isso é importante para a valorização dos docentes. “A lei da mordaça é anterior ao período de redemocratização, que não permitia aos servidores públicos se pronunciarem sobre suas condições de trabalho”. A restrição ainda está presente em estatutos dos servidores públicos de diversos estados e municípios.
“[Na época] eu tive conhecimento que uma amiga que tinha uma classe de Educação de Jovens Adultos, lecionava para mais de mil alunos, e ganhava salário inferior a mil reais. E se não fosse essa mobilização da lei da mordaça, ela não teria tomado coragem de falar ao Valor Econômico sobre a condição de vida dela”, compartilhou.
Participaram também do debate os professores da rede estadual de educação de São Paulo Eduardo Amaral e Teresa Cristina Aliperti. O professor Eduardo, que leciona Filosofia, discutiu a origem da desvalorização no Brasil, visto que em algum momento da nossa história esse cargo foi respeitado. “Nós percebemos que talvez a crise não seja apenas dos professores que estão desvalorizados. Temos que pensar que a própria instituição escolar foi desvalorizada, perdeu seu lugar na sociedade, daquele lugar que era o trampolim para uma determinada função social”, explicou.
Por isso, ressaltou, a desvalorização dos professores coincide com dois momentos históricos: quando as mulheres entram nesse mercado de trabalho – como uma extensão do trabalho doméstico de cuidar das crianças –, e em um segundo momento, com a democratização da educação.
Ou seja, desvalorizou-se a educação quando ela passou a ser para todo o povo, e não apenas para as famílias ricas, explicou Eduardo. “Segundo momento foi depois que no estado de São Paulo, 1968, e depois no resto do Brasil, acabou o exame de admissão. Que era um verdadeiro vestibular aplicado a crianças de 10 anos. De cada três crianças, duas ficavam de fora. Mas a partir do momento em que a escola é democratizada para a camada que estava fora, o salário cai de novo”.
Teresa, professora do ensino fundamental, salientou que escolheu lecionar na escola pública porque gosta do que faz, mas que necessita ser reconhecida e valorizada para continuar. “Quando eu abro meu holerite eu penso: eu mereço isso? Eu quero ser valorizada. Até quando vou aguentar ser tratada dessa maneira, sendo culpabilizada por algo que eu não tenho culpa? Escolhi estar aqui por enquanto, mas até quando? Preciso ganhar salário suficiente pra eu me sentir gente”.
Condições para valorização
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), por meio do seu presidente Roberto Leão, defendeu a valorização dos profissionais da educação incluindo os seguintes pontos: condições decentes de trabalho, reconhecimento, formação inicial sólida. “E reconhecimento”, explicou Leão, “é carreira, condições de trabalho”. Em sua fala, mencionou que a questão salarial não é o único passo para a valorização, mas é um item indispensável.
“Valorização para nós é isso: escola pública de qualidade, socialmente referenciada, e só com gestão democrática”. A gestão democrática, defendeu, é um exercício para a construção de um mundo menos autoritário, para plantar relações menos verticalizadas. “Que as pessoas possam ter opiniões políticas sobre o que vai ter influência na vida delas”.
Leão e o pesquisador Álvaro criticaram “propostas neoliberais” para educação, aquelas baseadas em competição entre professores e alunos, e que tiram autonomia didática dos docentes. “Não se faz educação estimulando disputa entre os profissionais. Escola tem que ser construída democraticamente. Valorização é reconhecer trabalho intelectual do professor como alguém capaz de produzir aulas com o conjunto dos alunos”, disse Leão.
Já Álvaro, criticou o histórico dessas medidas: “há mais de 30 anos, 40 anos, que a lógica dos setores conservadores tem sido dar um choque de gestão, gerencialismo”, como se o problema na educação fosse um problema de gestão. E os resultados dessas políticas, salientou, são pífios. “Vamos deixar os índices dos economistas e pensar em outros índices”.

Visite o site da Rede: http://vozesdaeducacao.org.br/

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Estados não cumprem lei do piso nacional para professor

Ao menos quatro Estados estão fora das duas normas para o magistério
Lei nacional prevê remuneração de R$ 1.187 para 40 horas semanais e 33% de tempo extraclasse
Entidade recomenda que sindicatos de professores entrem com ações judiciais contra Estados infratores

André Fossati/Folhapress
Diliana dá aulas em 2 escolas de MG e ganha menos que piso
Diliana dá aulas em 2 escolas de MG e ganha menos que piso

FÁBIO TAKAHASHI
LUIZA BANDEIRA
DE SÃO PAULO

Aprovada há mais de três anos, a lei nacional do piso do magistério não é cumprida em pelo menos 17 das 27 unidades da Federação.
A legislação prevê salário mínimo de R$ 1.187 a professores da educação básica pública, em jornada semanal de 40 horas, excluindo as gratificações, e assegura que os docentes passem ao menos 33% desse tempo fora das aulas.
A ideia é que os professores tenham melhores condições de trabalho com aumento salarial e período remunerado para atender aos alunos, preparar as aulas e estudar.
O levantamento da Folha com as secretarias estaduais de Educação mostra que a jornada extraclasse é o ponto mais desrespeitado da lei: 15 Estados a descumprem, incluindo São Paulo, onde 17% da carga é fora da classe.
Desse grupo, quatro (MG, RS, PA e BA) também não pagam o mínimo salarial, ou seja, estão totalmente fora da legislação nacional. Outros dois desrespeitam só o salário.
Para aumentar o período dos docentes fora da sala de aula é preciso contratar mais profissionais ou elevar a carga dos que já estão na rede -ambas opções são custosas.
A lei pode ajudar professores como Diliana Márcia de Barros Lisboa, 43, que leciona história e geografia a adolescentes em duas escolas estaduais de Minas Gerais. Seu salário base é R$ 712.
Ela só consegue corrigir trabalhos e preparar aulas à noite. "Com esse salário, apenas sobrevivo", diz Diliana.

IMBRÓGLIO JURÍDICO
A implementação da lei do piso foi conturbada. Sancionada em julho de 2008, foi contestada três meses depois no Supremo Tribunal Federal pelos governos de MS, PR, SC, RS e CE. Uma das principais argumentações era que a regra significava intromissão em assunto que caberia a cada Estado e município.
Em abril deste ano, o Supremo decidiu que a lei não fere a Constituição.
O Ministério da Educação afirma que a regra deve ser aplicada imediatamente, mas que não pode obrigar Estados e municípios a cumpri-la.
Por outro lado, a gestão Dilma disse que pode ajudar redes com dificuldades financeiras, desde que elas comprovem a necessidade -o que não tem ocorrido, afirma o Ministério da Educação.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação disse que recomendou a seus sindicatos que entrem na Justiça para cobrar a adoção. Governadores e secretários podem sofrer ações de improbidade administrativa.
"Estados e municípios não se prepararam porque apostaram que ganhariam no Supremo", disse o presidente da confederação, Roberto Leão.
O Consed (órgão que reúne secretários estaduais de Educação) disse ser favorável à lei, mas que é necessário um período para transição. "O impasse não interessa a ninguém", disse o vice-presidente Danilo de Melo Souza.

Colaboraram PAULO PEIXOTO, em Belo Horizonte, e as Sucursais de Brasília e Rio

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Cresce número de jovens que priorizam só o trabalho !

Cresce número de jovens que priorizam o trabalho
Mais pessoas entre 18 e 22 anos têm deixado estudos de lado, mostra PNAD
Economia aquecida pode ter contribuído para decisão de buscar emprego antes de pensar na faculdade
ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO
Leticia Moreira/Folhapress
Vinicius Lima, 19, que trabalha no HSBC
Vinicius Lima, 19, que trabalha no HSBC
Uma parcela cada vez maior de jovens entre 18 e 22 anos tem engavetado ou abandonado os planos de estudo para apenas trabalhar.

Entre os homens dessa faixa etária, mais da metade já se dedica exclusivamente ao trabalho -o percentual aumentou de 46,8% em 2001 para 51,1% em 2009. Já as mulheres que só trabalham representavam 31% do total em 2009 contra 27,5% em 2001.

Os dados são da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e foram levantados pelo economista Naercio Menezes Filho, do Insper.

Segundo especialistas, o fato de que mais jovens têm conseguido terminar a escola com a idade de 17 anos ajuda a explicar essa tendência. A fatia de alunos "atrasados" cursando o ensino médio caiu de 52,2% do total em 1992 para 32,9% em 2009.
"Se o jovem tem 18, 19 anos e ainda está no ensino médio pode ter de adiar os planos de trabalhar ou acabar conciliando estudo e trabalho", diz Menezes Filho.

ECONOMIA AQUECIDA

O crescimento mais acelerado da economia brasileira nos últimos anos pode estar contribuindo para a decisão dos jovens de ir direto da escola para o mercado de trabalho, pulando -ainda que temporariamente- a etapa da faculdade.

O contexto de maiores oportunidades de negócios foi, por exemplo, um dos fatores que levaram Filipe Travassos da Silva, 22, a assumir o negócio de terraplenagem do pai, que queria se aposentar. Ele tinha feito um curso de tecnólogo em informática.
"Eu sempre quis me tornar independente, ter meu próprio dinheiro", diz Silva, que considera fazer um curso curto de empreendedorismo, mas não cursar faculdade.

Há casos, no entanto, de jovens que não estão no ensino superior por falta de dinheiro.
"Eu queria fazer publicidade, mas não tinha dinheiro para pagar ", afirma Vinicius Sampaio Lima, 19.
Lima, que terminou o ensino médio com 18 anos e está trabalhando na área de expedição do HSBC, não tentou entrar em uma universidade pública. Ele espera conseguir juntar dinheiro para pagar um curso de fotografia.

Rodrigo Capelato, diretor do Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo), afirma que, com a expansão da classe média e o aumento de vagas em faculdades privadas, a procura por cursos até aumentou.
"Mas uma fatia grande de alunos acaba trancando o curso porque não consegue pagar a mensalidade ou porque escolhe o curso que pode pagar, mas não se identifica com o mesmo", diz ele.
Yasmin Hussein Chamas, 19, diz que tem vontade de estudar psicologia, mas ouve dizer que "não dá grana". Ela trabalha em uma empresa de telemarketing.
PREOCUPAÇÃO
O afastamento entre os jovens e o ensino superior preocupa especialistas. O problema é agravado pelo fato de que também tem aumentado o percentual de jovens de 18 a 22 anos que não está nem estudando nem trabalhando.
"Os dados são assustadores. Essa é a faixa onde as pessoas estão em seu curso universitário. E as empresas buscam pessoas cada vez mais bem formadas", diz José Tolovi Jr., CEO global da organização Great Place to Work.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

10% dos professores no país fazem 'bico'



Docentes procuram uma segunda ocupação mais do que padeiros, corretores de imóveis e PMs, segundo estudo

Para especialistas, média salarial não é única explicação para impulsionar o professor à dupla função

FÁBIO TAKAHASHI

DE SÃO PAULO

ELTON BEZERRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Semanalmente, a professora de ciências Sonia Maria de Barros Cardoso, 52, leciona 32 horas em duas escolas públicas no Rio. Seu salário é de R$ 1.800.
Para complementar, vende cosméticos, o que lhe rende R$ 1.000 mensais em oito horas semanais. "Em datas comemorativas, chega a ficar igual ao que ganho no magistério", afirma a docente.


Como Sonia, outros 266 mil professores da educação básica do país possuem uma segunda ocupação fora do ensino, um "bico", aponta estudo apresentado no mês passado pelos pesquisadores da USP Thiago Alves e José Marcelino de Rezende Pinto.
O número representa 10,5% do magistério nacional, índice bem acima do da população brasileira (3,5% têm uma segunda ocupação). O estudo usa a Pnad-IBGE e o Censo Escolar-MEC, ambos de 2009, e abrange as redes privada e pública.


Alguns dos mais frequentes "bicos" dos docentes são os de vendedores em lojas e os de funcionários em serviços de embelezamento.
Segundo a pesquisa da USP, os professores recorrem mais à segunda ocupação do que os padeiros, os corretores de imóveis e os PMs.

POLÊMICA SALARIAL
Para os autores do estudo, a maior incidência do "bico" entre os professores está relacionada aos baixos salários.
A média salarial dos docentes do ensino fundamental, segundo a pesquisa (entre R$ 1.454 e R$ 1.603 à época), é inferior ao que ganham, em média, corretores de seguro (R$ 1.997) e caixas de bancos (R$ 1.709).
"O professor, com isso, é obrigado a despender energia em ações que não têm a ver com aulas", diz Alves.


Para alguns especialistas, no entanto, a questão não é tão simples.


"Os salários não são uma maravilha, mas, se comparados à média da população, os professores não estão morrendo de fome", afirma Simon Schwartzman, pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade.
"Sempre que há concurso para contratação de professores para as redes públicas há uma grande concorrência. Se a profissão fosse tão ruim, não haveria fila", diz Samuel Pessoa, da FGV.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Manifesto da ocupação na USP-Butantã!!!!!!!!!!!!

Manifesto da ocupação na USP-Butantã!!!!!!!!!!!!
por Ocupa Usp, segunda, 31 de Outubro de 2011 às 17:42

Nós, estudantes da USP, organizados no movimento de ocupação e com apoio dos trabalhadores, lançamos este manifesto a fim de nos posicionarmos frente à sociedade sobre o que vem ocorrendo na Universidade de São Paulo.

Há uma política repressora que tem avançado contra aqueles que lutam por uma Universidade pública. As ações da reitoria da USP para aprofundar o processo de privatização tem se intensificado – o que se produz dentro da universidade cumpre, cada vez mais, o propósito de atender aos interesses do mercado em detrimento dos interesses de toda população. Com o objetivo de desmontar o caráter público da USP, a reitoria vem tomando medidas para eliminar as forças de resistência na Universidade. Mais de 26 estudantes, além de vários trabalhadores e professores, estão sendo processados por se manifestarem politicamente, através de processos administrativos que visam a eliminação e demissão da Universidade, e processos criminais que visam a prisão.

Com a justificativa de garantir a segurança, o reitor da USP instaurou, por meio de um convênio, a presença da polícia militar no campus. Com o avanço das perseguições políticas fica evidente que o real objetivo da polícia militar na USP não é o de inibir crimes, mas sim de inibir e combater manifestações políticas e cercear o direito de expressão livre de estudantes e trabalhadores.

Num contexto de crise sistêmica do capitalismo, se evidencia, em todo o mundo, o papel da polícia como aparelho armado de repressão aos movimentos sociais que resistem ao avanço da desigualdade e ataques a direitos históricos da população. Na Grécia, durante os protestos contra as políticas de austeridade, os manifestantes têm sido duramente reprimidos. Em Londres e em Madri a situação é muito semelhante. No Chile, um milhão de estudantes vão às ruas exigindo uma educação pública e gratuita, e a violência contra manifestantes é igualmente dura.

No Brasil, os conflitos em 2009 em Paraisópolis, a repressão cotidiana das UPPs aos moradores dos morros cariocas, e as violências policiais contra ambulantes em luta no centro de São Paulo indicam o mesmo sentido da atual militarização da USP: a repressão policial são ataques àqueles que lutam por seus direitos elementares. E essa repressão, destaque-se, é mendaz: a própria ONU, entidade legitimadora do imperialismo, reconhece a polícia brasileira como sendo a que mais mata no mundo.

No dia 08/09/2011, o Reitor João Grandino Rodas, sustentado institucionalmente por um Conselho Gestor antidemocrático (apenas 30 % dos membros representam trabalhadores e estudantes juntos), assinou um convênio com a Polícia Militar.  Para mascarar os reais propósitos do convênio Rodas-PM, a reitoria da USP se utilizou de maneira oportunista da morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, que ocorreu dentro do campus. O que foi omitido é que no dia do assassinato a PM já estava agindo na universidade – inclusive fazendo blitz em frente ao local da ocorrência. Nos últimos dias, para legitimar as violências ocorridas na USP sem explicitar seu caráter político, também se utilizaram de maneira oportunista do mote do “combate as drogas” para, assim, justificar todo clima de medo que têm promovido dentro da Universidade diariamente. Nos morros do Rio e em todas as periferias brasileiras, a repressão possui a mesma faceta: se utilizam de argumentos como o combate ao tráfico de drogas para atacar as liberdades mais elementares de todo o povo pobre.

O que a mídia não denuncia é que a polícia que enquadra estudantes na USP por porte de maconha é a mesma policia que age com o narcotráfico, recebendo o lucro das vendas com uma mão enquanto reprime com a outra.

O que a mídia omite é que a polícia que invade casas na favela e atira em mulheres e crianças com a justificativa de prender traficantes é a mesma polícia que é sócia do tráfico. Isso expressa a hipocrisia de combater o narcotráfico nas universidades e nas favelas, pois os verdadeiros promotores e beneficiados desse mercado, um dos mais lucrativos do mundo, são as industrias farmacêuticas, a polícia, as clínicas privadas, entre outros.

Essa repressão tem avançado, pois a lei vigente que supostamente descriminaliza o porte de maconha só funciona como uma cortina de fumaça, erguida pelo sistema para dificultar o aprofundamento do debate sobre a legalização da maconha e para criminalizar a pobreza, movimentos sociais e ativistas políticos.

A atuação da PM em nosso Campus na última quinta feira (27/10) foi apenas mais um de uma série de episódios de acuação de estudantes e servidores da USP pela PM. Na semana passada estudantes da Escola Politécnica foram abordados dentro de seus Centros Acadêmicos. Na Escola de Comunicação e Arte (ECA) um estudante foi revistado pela polícia com a justificativa, no mínimo estranha, de “olhar feio” aos policiais. Nos últimos meses, não foram poucas as averiguações dentro dos Centros Acadêmicos, o que não impediu um roubo no Centro Acadêmico da ECA, apenas uma semana após a revista da PM no local. No dia que culminou com esta ocupação, professores e estudantes foram abordados e revistados em frente à biblioteca da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH). E nessa mesma faculdade, horas mais tarde, três alunos foram detidos por políciais da ROCAM. Ao tentarem impedir a detenção desses colegas, deliberadamente defendida pela diretora Sandra Nitrini, centenas de estudantes foram atacados com bombas de efeito moral, gás lacrimogênio, spray de pimenta, cacetetes e balas de borracha. Vários estudantes foram feridos. Respondemos como pudemos – ou seja, correndo e arremessando paus e pedras.

O discurso da reitoria tentou justificar a intervenção policial utilizando de maneira oportunista o assassinato de Felipe Ramos Paiva.

Outros casos, entretanto, não foram igualmente veiculados pela mídia e pela reitoria – e isso não foi por acaso. Um desses casos foi o da morte do estudante Samuel de Souza, morador do Conjunto Residencial da USP (CRUSP). Ele era negro, pobre, baiano e estudava Filosofia. Samuel morreu dentro da USP por negligência médica da reitoria em relação a uma política de saúde nos campi da USP. Também houve a morte de Cícera, funcionária da lanchonete da Pedagogia, assassinada na favela São Remo, decorrente de uma “bala perdida” disparada pela Polícia. A hipocrisia do discurso da reitoria, que diz combater a violência, fica claro quando sua própria política de precarização foi responsável pela morte do trabalhador terceirizado de limpeza, José Ferreira, em decorrência de um acidente de trabalho.

Tais relatos nos impõe o questionamento: ao que se presta, de fato, a presença policial na USP?

O objetivo real da presença policial é garantir a execução de um projeto de universidade, ostensivamente defendido pelo Reitor João Grandino Rodas. Esse projeto político busca submeter a Universidade aos interesses de empresas e fundações privadas, cujo único objetivo é a maximização de seus próprios lucros: e é por isso que as pesquisas sem viés mercadológico são cada vez mais raras na Universidade. A estrutura que sustenta tal projeto é referendada apenas por um pequeno grupo de pessoas, imerso em relações políticas bastante duvidosas com grandes empresas, fundações e o próprio governo do estado de São Paulo. Com a diminuição da verba para trabalhadores efetivos, o aumento da contratação de terceirizados, e sem garantias de contratação de professores e reposição dos aposentados, a universidade que já é fechada para a maioria da população, em especial pobres e negros, se torna ainda mais exclusiva, elitista e mercadológica sob a administração de Rodas, levada a cabo com a mão repressora da Polícia Cívil e Militar.

Simultaneamente à repressão policial, que ocorre tanto na USP quanto fora dela, a reitoria tenta extinguir os espaços políticos e culturais de organização dos estudantes, como o Núcleo de Consciência Negra, que foi fundado há 23 anos na USP e até o momento não foi legitimado pela universidade, sofrendo com ameaças de demolição do barracão onde desenvolve suas atividades. O CANIL - Espaço Fluxus de Cultura, um dos poucos espaços culturais estudantis da USP-Butantã, sofreu uma tentativa de demolição, que foi barrada pelo conjunto de estudantes. A Moradia Retomada, ocupada devido ao déficit de vagas no CRUSP, continua ameaçada por um mandato de reintegração de posse solicitado pelo Reitor. E o espaço do DCE Ocupado, após reforma, seria re-inaugurado não mais como um espaço autônomo, mas como “Centro de Vivência da Reitoria” – o que foi impedido pelos estudantes.

A reitoria tenta silenciar todos os movimentos de resistência da Universidade com uma avalanche de processos. Os processos administrativos baseiam-se no Decreto 52.906, de 1972, Regime Disciplinar instituído sob a égide da Ditadura Militar, que vigora no estatuto da USP como “disposição transitória” há algumas décadas.

Segundo este decreto, são considerados atos de “indisciplina” de estudantes, trabalhadores e professores, passíveis da punição, expressa no artigo 248, inciso IV, de “eliminação”, as seguintes práticas: artigo 250 inciso VIII - “promover manifestação ou propaganda de caráter político-partidário, racial ou religioso, bem como incitar, promover ou apoiar ausências coletivas aos trabalhos escolares (greves)” ; inciso IV -“praticar ato atentatório à moral ou aos bons costumes”;inciso II “ (...)afixar cartazes fora dos locais a eles destinados”. As acusações que baseiam os processos tratam ações políticas legítimas como desvios de comportamento e são, ou questionáveis, ou deturpadas. Alguns dos processos foram abertos com base apenas em Boletins de Ocorrência que apresentam, como de praxe, uma versão unilateral dos fatos. No caso dos processos criminais, coloca-se a ameaça de prisão de pessoas com base em acusações forjadas pela Consultoria Jurídica da reitoria para levar a cabo sua perseguição política. As testemunhas em favor da reitoria geralmente são membros das chefias, das guardas ou outros que, tendo vínculos empregatícios com o denunciante, têm seu testemunho enviesado. Esta é uma das maneiras de se produzir as provas falsas. É no mínimo estranho que tenha sido criada, por exemplo, uma delegacia especial para tratar da repressão às ações políticas dos trabalhadores. Lembrando que em 200 um dos diretores do Sindicato dos Trabalhadores da USP foi demitido por lutar contra a precarização e terceirização na universidade.  A reitoria tenta hoje preparar terreno para avançar rapidamente com as punições contra estudantes, trabalhadores e professores dissidentes da ordem privatista que vem sendo estabelecida. Por isso decidimos cobrir os rostos: pela real ameaça de represália política - e não porque somos ou nos sentimos criminosos.

Por esses motivos, somos contrários aos processos contra estudantes e trabalhadores e pela revogação completa destes decretos e processos criminais e administrativos! Somos pela revogação imediata do Convênio entre a PM e a USP! FORA PM!

Manteremos nossa ocupação até que todas as nossas reivindicações sejam atendidas. 

terça-feira, 1 de novembro de 2011

A Autonomia da USP em Risco !




A Autonomia da USP está em risco!
Lincoln Secco, Livre Docente em História Contemporânea na USP

Não é comum ver livros como armas. Enquanto no dia 27 de outubro de 2011 a imprensa mostrou os alunos da FFLCH da USP como um bando de usuários de drogas em defesa de seus privilégios, nós outros assistimos jovens indignados, mochila nas costas e livros empunhados contra policiais atônitos, armados e sem identificação, num claro gesto de indisciplina perante a lei. Vários alunos gritavam: “Isto aqui é um livro!”.

Curioso que a geração das redes sociais virtuais apresente esta capacidade radical de usar novos e velhos meios para recusar a violação de nossos direitos. No momento em que o conhecimento mais é ameaçado, os livros velhos de papel, encadernados, carimbados pela nossa biblioteca são erguidos contra o arbítrio.
Os policiais que passaram o dia todo da ultima quinta feira revistando alunos na biblioteca e nos pátios, poderiam ter observado no prédio de História e Geografia vários cartazes gigantes dependurados. Eram palavras de ordem. Algumas vetustas. Outras “impossíveis”. Muitas indignadas. E várias poéticas... É assim uma universidade.
A violação da nossa autonomia tem sido justificada pela necessidade de segurança e a imagem da FFLCH manchada pela ação deliberada dos seus inimigos. A Unidade que mais atende os alunos da USP, dotada de cursos bem avaliados até pelos duvidosos critérios de produtividade atuais, é uma massa desordenada de concreto com salas superlotadas e realmente inseguras. Mas ainda assim é a nossa Faculdade!
É inaceitável que um espaço dedicado á reflexão, ao trabalho, à política, às artes e também à recreação de seus jovens estudantes seja ameaçado pela força policial. Uma Universidade tem o dever de levar sua análise crítica ao limite porque é a única que pode fazê-lo. Seus equívocos devem ser corrigidos por ela mesma. Se ela é incapaz disso, não é mais uma universidade.
A USP não está fora da cidade e do país que a sustenta. Precisa sim de um plano de segurança próprio como outras instituições têm. Afinal, ninguém ousaria dizer que os congressistas de Brasília têm privilégios por não serem abordados e revistados por Policiais. A USP conta com entidades estudantis, sindicatos e núcleos que estudam a intolerância, a violência e a própria polícia.
Ela deve ter autonomia sim. Quando Florestan Fernandes foi preso em 1964, ele escreveu uma carta ao Coronel que presidia seu inquérito policial militar explicando-lhe que a maior virtude do militar é a disciplina e a do intelectual é o espírito crítico... Que alguns militares ainda não o saibam, é compreensível. Que dirigentes universitários o ignorem, é desesperador.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Data e edital da prova dos Professores temporários

A prova será aplicada no dia 30 de Outubro de 2011
conforme edital divulgado dia 20 de Outubro e segue abaixo o link para consulta:

http://www.vunesp.com.br/seed1102/

sábado, 15 de outubro de 2011

15 de Outubro - Dia dos Professores

Matriz Curricular do Ensino Médio

Debate na rede, publicado no site do Observatório da Educação

Ensino Médio
Proposta de mudança curricular do ensino médio paulista para 2012 ainda não está concluída


A apenas três meses do fim do ano letivo, a proposta de mudanças na Matriz Curricular do ensino médio para o ano que vem ainda não está concluída. Para aprovação da proposta, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (SEE-SP) daria início a um amplo debate durante este mês de outubro.

Apesar de a própria SEE afirmar que o debate com o magistério é fundamental para o sucesso dessa proposta, professores avaliam que esse debate ainda não chegou às escolas de forma aprofundada. Procurada pelo Observatório, a Secretaria se limitou a informar que debates acontecerão, sem detalhar de que forma, e sem um calendário definido.

A proposta de mudança, publicada pela Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas, propõe principalmente uma distribuição equilibrada da carga horária entre as áreas do conhecimento, e a concentração por área no 3º ano. Assim, o aluno poderia optar por um percurso com ênfase em humanas, natureza ou linguagem. Entre outras mudanças há a criação da “orientação de estudos” e o ensino de espanhol, no 2º e 3º anos.

Um professor de Português da regional Centro Oeste de São Paulo, que não quis se identificar, afirmou que na sua escola os professores não sabem o que está acontecendo. “Na minha escola já deram como discutido. Durante a HTPC, depois de uma breve explicação, os professores assinaram um questionário pronto. É um assunto complexo que deveria estar sendo discutido o ano todo. Mas dois meses antes de dar o ano para começar, as pessoas jogam pras escolas discutirem isso em uma semana. Ninguém sabe o que está acontecendo”.

Também professora da rede, Regina Oshiro concorda: “o debate varia muito de escola para escola e região. Quando tomei contato com a proposta, na escola que leciono não havia informações, uma professora soube através de uma amiga que trabalha na região sul. Na última reunião de representantes de escola da Apeoesp foi possível perceber que há escolas onde o documento sequer chegou a ser trabalhado, em outras foi disponibilizado apenas parte dele e com maior raridade o documento na íntegra. A questão é que há muitas dúvidas que não conseguem ser respondidas por quem repassou as orientações na Diretoria de Ensino”.

Segundo a professora de História, os docentes desconhecem as mudanças. “A sensação da maioria dos professores é que há uma cortina de fumaça e que as decisões já estão tomadas, é apenas um faz-de-conta que o processo é democrático, infelizmente. Não tivemos tempo hábil para levar e debater essas informações com alunos e pais, ainda. Há uma preocupação de que forma esse debate será organizado junto à comunidade escolar, a mídia já tem explorado o assunto, de forma não esclarecedora, como quase sempre”.

Ainda que nas escolas esteja acontecendo alguma movimentação - mesmo que descompassada - a proposta não passou pelo Conselho Estadual de Educação de São Paulo (CEE-SP). Como descrito no blog “De Olho nos Conselhos”, a medida causou um mal estar, e levou o Conselho a criar um Grupo de Trabalho sobre o Ensino Médio. “Não gostaria mais de saber notícias da Secretaria pelo jornal, mereço mais respeito”, afirmou a conselheira Guiomar Namo de Melo na ocasião.

Menos aulas de Português e Matemática

O debate sobre as mudanças curriculares na imprensa focou a diminuição de aulas semanais de Português e Matemática, para o aumento do número de aulas de Física, Sociologia e Filosofia. A polêmica que se deu em torno disso pode ser explicada pela política para o Ensino Médio Estadual, que é balizada por meio de provas que focam principalmente essas duas matérias. É o que pensa uma parte da categoria dos professores, que é a favor de mais equidade entre as áreas. “Por que, afinal de contas, [as áreas] deveriam aparecer com pesos diferentes no currículo? Não tem justificativa teórica pra isso”, afirmou Eduardo Amaral, professor efetivo de Filosofia da Escola Estadual Profª Zuleika de Barros.

No boletim de outubro do “Coletivo APEOESP na escola e na luta”, do qual Eduardo faz parte, eles enfatizam a importância do equilíbrio entre as três áreas, além de apontar outras problemáticas que a proposta de mudança curricular não resolve: “as mudanças na matriz curricular ocorridas nos governos tucanos, sempre arbitrariamente, foram orientadas pelas políticas de avaliação externa que usam matemática e língua portuguesa como o indicador de qualidade educacional. Por isso essas disciplinas ganharam espaço em detrimento de aulas de filosofia, sociologia, história e geografia, vistas pelos ideólogos desse tipo de educação como menos importantes”.

A diminuição das aulas em questão não seria, assim, a questão central. Enquanto a Secretaria defende que o mais importante dessa proposta seria deixar a grade “mais interessante” ao focar na área de interesse no aluno, professores afirmam que isso causará um problema trabalhista para os docentes, em relação ao pagamento. Os professores recebem seu salário de acordo com o número de aulas que dão. Docentes de Português e Matemática são uma grande fatia do professorado, logo, essa proposta de diminuição de horas, leva muitos a uma situação de incerteza, pois não sabem se no próximo ano terão seu salário diminuído.

Luís Carlos de Menezes, professor associado do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, aponta que “as mudanças propostas na matriz curricular para o Ensino Médio, ao pretender dar mais flexibilidade, em termos de tipo de escola e etapa escolar, precisariam de novos instrumentos de gestão, por exemplo, para a oferta de materiais instrucionais e demais subsídios, assim como para o acompanhamento regular do desempenho escolar”.

Insuficiente

“Mexer na grade é tirar o problema de lugar. É necessário um debate curricular mais profundo”, opinou outro professor da rede, Josafá Rehem, que também é diretor de escola municipal. “De maneira geral, na escola que eu trabalho e no sindicato a gente considera que qualquer tentativa de mudança é importante e esse elemento justificaria alterações. Mas essa alteração não passa pelo debate da grade. Esse debate é mais profundo, que diz respeito à juventude, mundo do trabalho, saúde”.

A professora Regina Oshiro também indica que a mudança é insuficiente para mudar as condições precárias da escola: “a SEE-SP, nas negociações sobre o Plano de Carreira não tem apontado que vai implantar a Lei 11.738/08 [Lei do Piso], que estabelece a jornada de 1/3 fora da sala de aula. A secretaria tem alegado que não há número suficiente de professores formados, com exceção de professores de Fundamental I. As duas horas de HTPC são insuficientes para um trabalho interdisciplinar”. Para Regina, se essas condições não forem alteradas, as dificuldades em se realizar um trabalho mais integrado persistirão.

Maria Izabel, presidenta da Apeoesp, publicou em seu blog considerações sobre as alterações no Ensino Médio Paulista, e nele cita a importância da participação docente no processo: “outro aspecto essencial refere-se às necessárias mudanças, que devem ocorrer no âmbito mais profundo do processo escolar – o preparo da equipe escolar, o que envolve a dimensão coletiva do trabalho pedagógico e as condições de jornada e trabalho dos professores e da equipe escolar. Sem isso, as alterações nos modos de se relacionar com o conhecimento, com o trabalho de ensinar e favorecer as aprendizagens e as vivências dos alunos e com o próprio desenvolvimento profissional da equipe fica paralisado.”

A presidenta também aponta para a ineficácia da proposta em abordar outras questões: “o ponto de partida dessa reestruturação é o diagnóstico inegável de que o EM paulista padece de inúmeros problemas quanto à qualidade e à atualidade da formação oferecida”. Para Izabel, o balanço deixa de fora problemas importantes que afetam a escola paulista: falta de autonomia para o estabelecimento do seu projeto político pedagógico; precariedade de infraestrutura; fragilidade de sua equipe pedagógica – “constituída por professores paulistas e que em grande parte não são concursados” -; imposição de um currículo engessado baseado em apostilas; precariedade das condições de trabalho e de salário dos seus profissionais, entre outros.

“Isso não vai alterar. Essa é a minha opinião. Ficar restrito a isso é insuficiente”, finaliza Rehem.

Leia também: “A sensação da maioria dos professores é que a decisão já está tomada”, diz docente da rede sobre mudanças no ensino médio em SP"