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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Data e edital da prova dos Professores temporários

A prova será aplicada no dia 30 de Outubro de 2011
conforme edital divulgado dia 20 de Outubro e segue abaixo o link para consulta:

http://www.vunesp.com.br/seed1102/

sábado, 15 de outubro de 2011

15 de Outubro - Dia dos Professores

Matriz Curricular do Ensino Médio

Debate na rede, publicado no site do Observatório da Educação

Ensino Médio
Proposta de mudança curricular do ensino médio paulista para 2012 ainda não está concluída


A apenas três meses do fim do ano letivo, a proposta de mudanças na Matriz Curricular do ensino médio para o ano que vem ainda não está concluída. Para aprovação da proposta, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (SEE-SP) daria início a um amplo debate durante este mês de outubro.

Apesar de a própria SEE afirmar que o debate com o magistério é fundamental para o sucesso dessa proposta, professores avaliam que esse debate ainda não chegou às escolas de forma aprofundada. Procurada pelo Observatório, a Secretaria se limitou a informar que debates acontecerão, sem detalhar de que forma, e sem um calendário definido.

A proposta de mudança, publicada pela Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas, propõe principalmente uma distribuição equilibrada da carga horária entre as áreas do conhecimento, e a concentração por área no 3º ano. Assim, o aluno poderia optar por um percurso com ênfase em humanas, natureza ou linguagem. Entre outras mudanças há a criação da “orientação de estudos” e o ensino de espanhol, no 2º e 3º anos.

Um professor de Português da regional Centro Oeste de São Paulo, que não quis se identificar, afirmou que na sua escola os professores não sabem o que está acontecendo. “Na minha escola já deram como discutido. Durante a HTPC, depois de uma breve explicação, os professores assinaram um questionário pronto. É um assunto complexo que deveria estar sendo discutido o ano todo. Mas dois meses antes de dar o ano para começar, as pessoas jogam pras escolas discutirem isso em uma semana. Ninguém sabe o que está acontecendo”.

Também professora da rede, Regina Oshiro concorda: “o debate varia muito de escola para escola e região. Quando tomei contato com a proposta, na escola que leciono não havia informações, uma professora soube através de uma amiga que trabalha na região sul. Na última reunião de representantes de escola da Apeoesp foi possível perceber que há escolas onde o documento sequer chegou a ser trabalhado, em outras foi disponibilizado apenas parte dele e com maior raridade o documento na íntegra. A questão é que há muitas dúvidas que não conseguem ser respondidas por quem repassou as orientações na Diretoria de Ensino”.

Segundo a professora de História, os docentes desconhecem as mudanças. “A sensação da maioria dos professores é que há uma cortina de fumaça e que as decisões já estão tomadas, é apenas um faz-de-conta que o processo é democrático, infelizmente. Não tivemos tempo hábil para levar e debater essas informações com alunos e pais, ainda. Há uma preocupação de que forma esse debate será organizado junto à comunidade escolar, a mídia já tem explorado o assunto, de forma não esclarecedora, como quase sempre”.

Ainda que nas escolas esteja acontecendo alguma movimentação - mesmo que descompassada - a proposta não passou pelo Conselho Estadual de Educação de São Paulo (CEE-SP). Como descrito no blog “De Olho nos Conselhos”, a medida causou um mal estar, e levou o Conselho a criar um Grupo de Trabalho sobre o Ensino Médio. “Não gostaria mais de saber notícias da Secretaria pelo jornal, mereço mais respeito”, afirmou a conselheira Guiomar Namo de Melo na ocasião.

Menos aulas de Português e Matemática

O debate sobre as mudanças curriculares na imprensa focou a diminuição de aulas semanais de Português e Matemática, para o aumento do número de aulas de Física, Sociologia e Filosofia. A polêmica que se deu em torno disso pode ser explicada pela política para o Ensino Médio Estadual, que é balizada por meio de provas que focam principalmente essas duas matérias. É o que pensa uma parte da categoria dos professores, que é a favor de mais equidade entre as áreas. “Por que, afinal de contas, [as áreas] deveriam aparecer com pesos diferentes no currículo? Não tem justificativa teórica pra isso”, afirmou Eduardo Amaral, professor efetivo de Filosofia da Escola Estadual Profª Zuleika de Barros.

No boletim de outubro do “Coletivo APEOESP na escola e na luta”, do qual Eduardo faz parte, eles enfatizam a importância do equilíbrio entre as três áreas, além de apontar outras problemáticas que a proposta de mudança curricular não resolve: “as mudanças na matriz curricular ocorridas nos governos tucanos, sempre arbitrariamente, foram orientadas pelas políticas de avaliação externa que usam matemática e língua portuguesa como o indicador de qualidade educacional. Por isso essas disciplinas ganharam espaço em detrimento de aulas de filosofia, sociologia, história e geografia, vistas pelos ideólogos desse tipo de educação como menos importantes”.

A diminuição das aulas em questão não seria, assim, a questão central. Enquanto a Secretaria defende que o mais importante dessa proposta seria deixar a grade “mais interessante” ao focar na área de interesse no aluno, professores afirmam que isso causará um problema trabalhista para os docentes, em relação ao pagamento. Os professores recebem seu salário de acordo com o número de aulas que dão. Docentes de Português e Matemática são uma grande fatia do professorado, logo, essa proposta de diminuição de horas, leva muitos a uma situação de incerteza, pois não sabem se no próximo ano terão seu salário diminuído.

Luís Carlos de Menezes, professor associado do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, aponta que “as mudanças propostas na matriz curricular para o Ensino Médio, ao pretender dar mais flexibilidade, em termos de tipo de escola e etapa escolar, precisariam de novos instrumentos de gestão, por exemplo, para a oferta de materiais instrucionais e demais subsídios, assim como para o acompanhamento regular do desempenho escolar”.

Insuficiente

“Mexer na grade é tirar o problema de lugar. É necessário um debate curricular mais profundo”, opinou outro professor da rede, Josafá Rehem, que também é diretor de escola municipal. “De maneira geral, na escola que eu trabalho e no sindicato a gente considera que qualquer tentativa de mudança é importante e esse elemento justificaria alterações. Mas essa alteração não passa pelo debate da grade. Esse debate é mais profundo, que diz respeito à juventude, mundo do trabalho, saúde”.

A professora Regina Oshiro também indica que a mudança é insuficiente para mudar as condições precárias da escola: “a SEE-SP, nas negociações sobre o Plano de Carreira não tem apontado que vai implantar a Lei 11.738/08 [Lei do Piso], que estabelece a jornada de 1/3 fora da sala de aula. A secretaria tem alegado que não há número suficiente de professores formados, com exceção de professores de Fundamental I. As duas horas de HTPC são insuficientes para um trabalho interdisciplinar”. Para Regina, se essas condições não forem alteradas, as dificuldades em se realizar um trabalho mais integrado persistirão.

Maria Izabel, presidenta da Apeoesp, publicou em seu blog considerações sobre as alterações no Ensino Médio Paulista, e nele cita a importância da participação docente no processo: “outro aspecto essencial refere-se às necessárias mudanças, que devem ocorrer no âmbito mais profundo do processo escolar – o preparo da equipe escolar, o que envolve a dimensão coletiva do trabalho pedagógico e as condições de jornada e trabalho dos professores e da equipe escolar. Sem isso, as alterações nos modos de se relacionar com o conhecimento, com o trabalho de ensinar e favorecer as aprendizagens e as vivências dos alunos e com o próprio desenvolvimento profissional da equipe fica paralisado.”

A presidenta também aponta para a ineficácia da proposta em abordar outras questões: “o ponto de partida dessa reestruturação é o diagnóstico inegável de que o EM paulista padece de inúmeros problemas quanto à qualidade e à atualidade da formação oferecida”. Para Izabel, o balanço deixa de fora problemas importantes que afetam a escola paulista: falta de autonomia para o estabelecimento do seu projeto político pedagógico; precariedade de infraestrutura; fragilidade de sua equipe pedagógica – “constituída por professores paulistas e que em grande parte não são concursados” -; imposição de um currículo engessado baseado em apostilas; precariedade das condições de trabalho e de salário dos seus profissionais, entre outros.

“Isso não vai alterar. Essa é a minha opinião. Ficar restrito a isso é insuficiente”, finaliza Rehem.

Leia também: “A sensação da maioria dos professores é que a decisão já está tomada”, diz docente da rede sobre mudanças no ensino médio em SP"

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Chile: mais de 87% votam por educação gratuita e de qualidade




Cerca de 87% dos votantes no referendo educacional votaram pelo “sim” nas quatro perguntas formuladas no sufrágio, que consultaram a população sobre se ela estava de acordo com um ensino público gratuito e de qualidade, sobre o fim do lucro na educação, o retorno da educação para as mãos do Estado e a incorporação do plebiscito vinculante como mecanismo para resolver problemas de caráter nacional. A reportagem é de Christian Palma.

Christian Palma - Correspondente em Santiago do Chile

Mesmo com o governo afirmando que o plebiscito cidadão pela educação não tinha validade, os chilenos participaram em massa da consulta. Na noite de quarta-feira, foi anunciado o resultado: 87% dos votantes no referendo educacional votaram pelo “sim” nas quatro perguntas formuladas no sufrágio, que consultavam a população sobre ela estava de acordo com um ensino público gratuito e de qualidade e se estavam a favor da desmunicipalização da educação secundária pública, ou seja, de seu retorno às mãos do governo federal. As outras perguntas eram sobre a eliminação do lucro na educação e sobre a necessidade de incorporar o plebiscito vinculante como mecanismo para resolver problemas de caráter nacional.

Após anunciar o resultado do plebiscito, o presidente do Colégio dos Professores, Jaime Gajardo, detalhou que 1.027.569,00 pessoas votaram nas mesas e outros 394.873 o fizeram pela internet, enquanto que 30 mil foram desconsiderados por serem votos repetidos. “Quanto às porcentagens, 87,15% votaram pelo Sim e 11,2% pelo Não”, precisou Gajardo, que destacou a participação na Região Metropolitana, onde votaram 530.811 pessoas; Puerto Montt, com 60.165 votantes; Valparaíso, 101.138; Concepción, 115.080 votos; Iquique, 15.384 e Magallanes, 6.298 pessoas.

O dirigente acrescentou que, agora, todas as atas serão reunidas, região por região, e serão organizadas no Colégio de Professores para quem quiser ver e consultar os resultados. “Foi feito um trabalho profissional de primeiro nível. Segundo os especialistas, se há algum erro ele é marginal, não mais do que 2%. O importante foi a quantidade de pessoas que participou e a tendência majoritária, contundente, inclinada e muito precisa, dizendo Sim a que haja no país uma educação gratuita; queremos que a educação não sirva para gerar lucros; queremos que haja um plebiscito vinculante para resolver esses grandes temas”, defendeu Gajardo.

Neste cenário, o Colégio de Professores e os estudantes confirmaram uma nova mobilização nacional para os próximos dias 18 e 19 de outubro, na qual se pretende marchar desde quatro pontos distintos de Santiago até a Praça Itália, lugar tradicional de manifestações na capital chilena. O governo chileno afirmou que não autorizará novas marchas, em uma clara tentativa de relacionar as manifestações com os fatos de violência protagonizados por jovens encapuzados que não estão relacionados diretamente com o movimento estudantil. Seja como for, os estudantes chilenos já disseram que não ficarão de braços cruzados.

Neste cenário, a porta-voz da Confederação de Estudantes do Chile (Confech), Camila Vallejo, assinalou que a jornada de 18 de outubro será preparatória para a grande marcha do dia 19. Começará às 11 horas da manhã quando uma delegação irá ao Palácio La Moneda para entregar os resultados oficiais do plebiscito. Neste mesmo dia, às 21 horas, haverá um novo panelaço e ocorrerão assembleias locais em todo o país para seguir lutando por uma melhor educação.

No dia 19, a marcha deve iniciar às 10 horas da manhã, a partir de quatro pontos distintos da Região Metropolitana. “Conversaremos outra vez com a Prefeitura e pediremos que não tentem esconder o movimento”, disse Camila Vallejo. A dirigente estudantil, avaliada como uma das três figuras políticas com mais futuro no país, respondeu ao ministro do Interior, Rodrigo Hinzpeter, que chamou os parlamentares para aprovar o projeto de lei denominado “anti-ocupações” – que pretende penalizar as ocupações de colégios e universidades – dizendo que “não aceitaremos que nosso país seja governado por saqueadores, nem que as ruas sejam tomadas por eles”. A resposta de Camila foi curta e grossa: “os saqueadores já estão governando o país”.

“O ministro (Hinzpeter) está equivocado porque os grandes saqueadores estão governando o país, são os mais ricos. Precisamos que os verdadeiros saqueadores paguem a educação para os mais pobres”. Ela acrescentou que “o movimento estudantil está em sua plena primavera”, reafirmando o chamado à manutenção da mobilização.

“Este movimento segue vivo e com força, segue sendo capaz de mobilizar-se e manter-se firme neste processo, porque nada foi solucionado. O governo não colocou nenhuma solução sobre a mesa, mas somente mais do mesmo, mais modelo mercantil na educação, com mais recursos, mas aprofundando o modelo que segmenta e segrega”, acrescentou Camila Vallejo.

Tradução: Katarina Peixoto

sábado, 8 de outubro de 2011

Boletim do Coletivo | Outubro 2011

Na Escola e na Luta - Boletim de outubro 2011

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Steve Jobs e a moderna maldição humana

Steve Jobs foi uma espécie de Henry Ford do final do século passado. E, tal como este, foi um campeão dessa moderna maldição humana: a ditadura do mercado.

Ford criou a linha de montagem, que subordinou de vez os trabalhadores às maquinas. Lançou automóveis que podiam ser comprados por seus operários. Foi um dos pioneiros na transformação do consumo em consumismo. Fenômeno que estendeu a imposição da lógica do trabalho à vida cotidiana. Além de trabalhar, é preciso consumir para ser alguém na sociedade industrial.

O fundador da Apple, por sua vez, criou o primeiro computador pessoal. Como o automóvel, é mais uma dessas maravilhas cuja utilidade se transformou em castigo. O primeiro suja, atravanca e mata nas grandes cidades. O outro torna a vida cotidiana cada vez mais uma extensão da vida profissional. Faz da vida urbana uma imensa linha de montagem.

Os aparelhos sofisticados de Jobs levaram o consumismo a extremos. Filas enormes se formam a cada novo lançamento. A religião do capital tem na Apple uma de suas seitas mais poderosas. Em seu fundador, um santo para quem fiéis acendem velas em telas de cristal líquido.Condição a que Ford nunca chegou. Até porque era admirador do diabólico Hitler.

O mais próximo que Jobs chegou disso talvez esteja representado pela famosa maçã mordida. Símbolo da rendição à tentação bíblica da serpente. O ato custou a danação da raça humana, mas também libertou seu potencial criativo. Jobs é um dos que melhor se aproveitaram dessa condição. Por isso mesmo, não são poucos os seus pecados.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O neoliberalismo nos sindicatos

Várias grandes categorias estão em greve ou saíram delas recentemente. É o caso do pessoal administrativo das universidades federais, dos professores de vários estados, dos trabalhadores dos correios e dos bancários. É a classe trabalhadora exigindo sua parte no tão falado crescimento econômico.

Muitas dessas categorias têm governos como patrões. E se deparam não apenas com o desrespeito e autoritarismo deles. Suas próprias direções sindicais representam obstáculos. É que muitas delas ajudaram a eleger tais governos. E vários de seus diretores foram nomeados para cargos públicos.

No caso dos bancários, o caso parece mais grave. Há muitos anos, as direções sindicais dos trabalhadores no sistema financeiro vêm se rendendo ao discurso patronal. Defendendo diálogos “civilizados” e entendimentos “propositivos” com os tubarões das finanças. Ou seja, assumindo um sindicalismo ao gosto do neoliberalismo.

Na atual greve, não poderia ser diferente. E quem alerta é ninguém menos do que Olívio Dutra. Muito antes de ser governador e prefeito, Dutra foi bancário. Presidiu o sindicato de Porto Alegre nos anos 70. Comandou uma greve geral do setor em 1979. Por isso, foi preso pela ditadura e perdeu seu mandato sindical. É fundador da CUT.

Recentemente, ele criticou o sindicato que presidiu. Desaprovou a contratação de pessoal para distribuir panfletos na atual greve da categoria:
Esse procedimento é deseducativo e demonstra a desmobilização da categoria. As razões da greve existem, são reais, mas essa prática mostra um descolamento do sindicato da sua base. É a chegada do neoliberalismo ao movimento sindical. Tudo se terceiriza, tudo se compra e se paga, até a militância. (Zero Hora – 01/10/2011)
Dutra só se equivocou quanto ao momento. A lógica neoliberal vem ganhando o meio sindical há uns 20 anos. A conquista da CUT é só um pouco mais recente que isso.