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quarta-feira, 30 de maio de 2012

Nova classe C” será conservadora ?


“Nova classe C” tende a ser conservadora, diz petista

Marcio Pochmann é presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, ligado ao governo federal. Também deve disputar a prefeitura de Campinas pelo PT. Acaba se lançar o livro “A Nova Classe Média?”. Nele, o economista nega que a chamada “classe C” seja uma nova classe média. Seria formada por trabalhadores consumistas, individualistas e despolitizados.

Em entrevista publicada pela CartaCapital em 16/05, Pochmann apresenta vários argumentos em favor de sua tese. Dentre eles, destaca-se:

A classe média tem ativos e patrimônio. São várias características que infelizmente nós não conseguimos observar nesses segmentos que estão ascendendo. E são segmentos que, ao nosso modo de ver, dizem respeito à classe trabalhadora, tal como foi o padrão de expansão do Brasil nesses últimos dez anos.

O conceito de classe média sempre foi muito difícil de definir. Na produção teórica de Marx, ela costuma ser apontada como sinônimo de “pequena burguesia”. Seriam aqueles setores que não precisam vender sua força de trabalho. Teriam sua própria fonte de sustento: pequenas propriedades rurais, pequenas empresas e comércios etc.

Tais empreendimentos seriam os “ativos” e “patrimônio” de que fala Pochmann. Se for assim, a “classe C” não pertence à “classe média”. Mas, talvez, compartilhe o horizonte ideológico dela. É o que se pode deduzir de palavras do próprio petista sobre seus integrantes:

...na questão dos valores mais amplos da política, como pena de morte, eles majoritariamente estão atrelados a visões muito ultrapassadas.

Para Pochmann, se esse tipo de ascensão social não “vem acompanhada de um processo de conscientização”, pode “ser encaminhada para uma visão de sociedade muito diferente da que levou a uma ascensão social recente”.

Ou seja, parece que o petista teme a transformação desses setores em massa de manobra da direita conservadora. Um risco que só vem aumentando com o comportamento do partido de que Pochmann é membro. Triste exemplo é a recusa da maioria dos dirigentes do PT em apoiar lutas como o direito ao aborto e o combate à homofobia.

Fonte: Sergio Domingues -  Blog Pilulas Diárias

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Jobs e a atualidade de Marx


Steve Jobs prova a atualidade de Marx

“Novo iPad provoca filas pelo mundo”, dizem alguns jornais. É mais um produto da empresa que era presidida pelo falecido Steve Jobs. O detalhe é que a presença na fila não é obrigatória para adquirir o aparelho. As pessoas estão nela por devoção, mesmo.

Deve ser por isso que a jornalista Carla Rodrigues afirmou o seguinte:
Ninguém melhor do que Steve Jobs compreendeu o conceito de fetichismo de Marx, segundo o qual as relações sociais são mediatizadas pelos objetos (Valor - 20/01/2012).
Ainda a respeito de filas, a psicóloga Isleide Fontenelle diz em seu livro:
Até a inovação efetuada pelos irmãos McDonald, em 1948, a existência da fila para adquirir comida só parecia estar presente em guerras, prisões ou situações de privação que levassem alguém a conseguir comida por meio de atos de caridade (“O Nome da Marca - McDonald's, Fetichismo e Cultura Descartável” - Boitempo, 2002).
Em 14/03, completaram-se 129 anos da morte de Marx. Desde então, o capitalismo vem provando que ele estava certo em muitas de suas conclusões. É como disse Jean-Paul Sartre, com algum exagero: “não é minha culpa se a realidade é marxista”. O mesmo Sartre também diria:
...o marxismo é uma descrição verdadeira de um homem inteiramente falso, de um homem falseado pelas próprias premissas de suas técnicas e de suas necessidades.
O que viria a ser verdadeira essência do ser humano para Sartre é outra questão. Mas não deve ter nada a ver com a permanência em filas sem objetivo algum.

De qualquer maneira, esse beco sem saída é produto da ação humana. Como tal, só pode ser superada pela própria ação humana. É por isso que Engels, no funeral, de seu parceiro disse:
Marx era antes de tudo revolucionário. Contribuir, de um ou outro modo, com a queda da sociedade capitalista e de suas instituições estatais, contribuir com a emancipação do moderno proletariado, que primeiramente devia tomar consciência de sua posição e de seus anseios, consciência das condições de sua emancipação – essa era sua verdadeira missão em vida.
Ou é isso, ou é procurar um lugar na fila. Que, aliás, também costumam ser frequentes em matadouros.

Texto de Sergio Domingues do Blog Pilulas diárias

Morre, aos 94 anos Neiva Moreira o criador do Cadernos do Terceiro Mundo!


 Morre, aos 94 anos Neiva Moreira,

 o criador do Cadernos do Terceiro Mundo ! 

Neiva Moreira, José Guimarães (Nova Iorque, Maranhão - 1917) é um dos raros políticos brasileiros que marcaram sua ação tanto dentro do estado natal, o Maranhão, e do Brasil, como no exterior. Jornalista, publicista e político, Neiva teve uma atuação intensa nos países emergentes, transformando-se num dos grandes ativistas e teóricos do Terceiro Mundo, aquela parte do globo que, na época da guerra fria, pairava entre os antigos blocos Ocidental, comandado pelos Estados Unidos, e Socialista, liderado pela União Soviética.

Sua resistência heroica à conspiração que redundou na ditadura de 1964, ao liderar a Frente Parlamentar Nacionalista na Câmara dos Deputados, a partir de 1961, o aproximou de Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul e já transformado numa grande liderança popular. Os dois passaram a percorrer o país pregando as reformas de base do presidente João Goulart e articulando as forças nacionalistas contra o golpe que se avizinhava e que acabou se efetivando em 1º de abril de 1964, pois tinha atrás de si o envolvimento da maior potência estrangeira.

Neiva Moreira foi preso e depois obrigado a exilar-se na Bolívia, de onde depois se mudou para o Uruguai, para, novamente com Brizola, organizar a resistência à ditadura, que se prolongaria por 20 anos. Foi então que entendeu que a crise brasileira jamais seria enfrentada efetivamente sem a junção dos povos oprimidos, particularmente aqueles dos países vizinhos, que sofriam as mesmas pressões que os nossos.

Naquela época, começavam a pipocar os movimentos de libertação dos povos africanos, depois de séculos de dominação pelas potências europeias. Neiva se transporta para Argélia, Angola, Moçambique e outras áreas conflagradas, de onde não só escreveria a crônica de sua libertação como participaria diretamente de suas lutas, angústias e glória.

Paralelamente, ele assessora os governos nacionalistas do general Alvarado, no Peru, de Perón, na Argentina, regimes que depois seriam varridos pelas ditaduras que sufocariam praticamente toda a América Latina.

Na volta ao Brasil, com a decretação da anistia, Neiva Moreira, que antes travara lutas libertárias contra as oligarquias do Maranhão, primeiro como jornalista e depois como deputado, fez questão de  retornar por São Luís, vindo do México, seu derradeiro exílio. Lá, implantou o PDT, partido que Leonel Brizola fundara ao chegar do exílio. Depois foi para o Rio de Janeiro, onde refundo os Cadernos do Terceiro Mundo, revista que lançara ainda em sua breve passagem pela Argentina e a continuara no México.


A história dos Cadernos do Terceiro Mundo, primeira publicação a tratar especificamente da questão dos países emergentes, se confunde com a própria vida atribulada de Neiva Moreira no exílio. Perseguido pelos grupos terroristas de direita que acabaram se apoderando da maioria daquelas nações, o velho maranhense às vezes era ultimado a deixar o país em 24 ou 48 horas, sob pena de ser assassinado, como ocorreu no Uruguai e depois na Argentina. 

Esta situação insólita lhe permitiu, juntamente com o faro de um dos melhores jornalistas brasileiros, penetrar a fundo na questão daqueles povos, fato que o levou a escrever vários livros memoráveis: O Nasserismo e a Revolução do Terceiro Mundo, para o qual entrevistou pessoalmente o presidente egípcio e líder nacionalista, general Gamal Abdel Nasser; Uruguai, Banda Oriental, Fronteiras do Mundo Livre, O Modelo Peruano e O Pilão da Madrugada, livros de memória, em depoimento a José Louzeiro.

Neiva Moreira foi presidente nacional do PDT, líder na Câmara por duas vezes, presidente da Comissão de Relações Exteriores e por fim tornou-se um dos principais assessores do governador do Maranhão, Jackson Lago, liderando do Palácio dos Leões a resistência à cassação de Lago, por fim consumada, em 2009, por pressões da oligarquia maranhense.


Fonte: Revista Forum



segunda-feira, 7 de maio de 2012

No ano em que foi declarado patrono da educação brasileira, Paulo Freire (1921-1997) ficou menor no Maranhão


Maranhão tem 161 escolas com nome dos Sarney


No ano em que foi declarado patrono da educação brasileira, Paulo Freire (1921-1997) ficou menor no Maranhão. Por decisão da Secretaria estadual de Educação, o nome do educador será apagado da fachada do prédio anexo de uma escola pública de Turu, bairro de São Luís. Em seu lugar, será pintado o novo nome da escola: Centro de Ensino Roseana Sarney Murad. Os uniformes dos alunos já foram mudados.
No Maranhão, o sobrenome Sarney já está em 161 escolas, mas a mudança em Turu não deve ser interpretada apenas como mais um sinal do culto à família de Roseana. Para a direção da escola, o importante é ter a certeza de que o nome da governadora pintado na fachada atrairá mais recursos e outros paparicos da administração central de um estado onde 61% das pessoas, com 10 anos de idade ou mais, não chegaram a completar a educação básica (de acordo com dados do Censo 2010). Isso é sarneísmo, movimento político liderado pelo senador José Sarney (PMDB), que comanda o Maranhão há quase cinco décadas.
- Sarney nem mora aqui. Seu controle só é ativado em momentos muito específicos - disse o professor Wagner Cabral, do Departamento de História da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Sarneísmo, uma história de 47 anos
Reportagem publicada ontem no GLOBO revelou a existência de uma rede de falsas agências de turismo que fornece mão de obra barata, arregimentada no interior do Maranhão, para a lavoura de cana-de-açúcar e para a construção civil do Sudeste e do Centro-Oeste. Para os especialistas ouvidos pelo jornal, o fenômeno é resultado de uma perversa combinação de fatores, da má distribuição da terra à tragédia educacional no estado, todos fortemente associados ao sarneísmo.
Desde 1965, quando José Sarney (PMDB) assumiu o governo maranhense, o grupo do atual presidente do Senado venceu dez eleições para governador, chefiou o Executivo local por 41 anos e só perdeu o controle político do estado em duas ocasiões: quando o aliado e então governador José Reinaldo Tavares rompeu com o sarneísmo, em 2004, e dois anos depois, quando Jackson Lago (PDT) derrotou sua filha e herdeira política, Roseana, que concorria ao terceiro mandato de governadora. Mesmo assim, por pouco tempo: em 2009, Lago teve o mandato cassado por compra de votos.
O sarneísmo é um movimento diferente de outras correntes políticas, como o getulismo ou o brizolismo. Não se sustenta na adoração da figura do líder e nem tem uma base popular. Em lugares como Codó, Timbiras e Coroatá, cidades a 300 quilômetros de São Luís, que formam uma espécie de enclave do trabalhador barato no interior do estado, só se vê o nome Sarney em prédios públicos. Todavia, a cada abertura das urnas eleitorais, a família reafirma um poder que nem a estagnação econômica foi capaz de ameaçar.
- De um lado, Sarney é homem de ligação com o governo federal. Tem poder em Brasília por ser uma peça fundamental no jogo da governabilidade. De outro, mantém as prefeituras de pires na mão - sustenta Wagner Cabral.
- Ele fala por uma questão ideológica e política. Sarney proporcionou um salto de progresso no estado. Os fatos históricos são diferentes - rebate o jornalista Fernando César Mesquita, porta-voz de Sarney.
No Maranhão, a força do sarneísmo está na pequena política. Quando descobriu que a escola Paulo Freire, onde trabalha, seria rebatizada com o nome da governadora, a professora Marivânia Melo Moura começou a passar um abaixo-assinado para resistir à mudança. A retaliação não demorou:
- A direção ameaçou transferir-me - disse a professora, que mora no mesmo bairro da escola e vai de bicicleta ao trabalho.
A Secretaria de estado da Educação alega que o anexo da escola Paulo Freire mudou de nome porque foi incorporado à estrutura, já existente, do Centro de Ensino Roseana Sarney Murad, "devido à necessidade de uma estrutura organizacional, com regimento, gestão e caixa escolar próprios, no referido anexo".
O Maranhão, onde quase 40% da população é rural, é uma espécie de campeão das estatísticas negativas. Enquanto o Brasil tem 28% de trabalhadores sem carteira assinada, o percentual no estado supera os 50%. Na relação dos 15 municípios brasileiros com as menores rendas, listados pelo IBGE, nada menos do que dez cidades são maranhenses. O chefe do escritório regional do Instituto, Marcelo Melo, acrescenta ainda que apenas 6% dos maranhenses estudam em cursos de graduação, mestrado e doutorado. Separados, os números já assustam. Se combinados, o efeito é devastador.
- O resultado desses índices de qualificação é uma mão de obra de baixa qualidade.
O professor Marcelo Sampaio Carneiro, do Centro de Ciências Sociais da UFMA, explicou que a estrutura do mercado de trabalho no Maranhão possui duas características principais. A primeira é a elevada participação do trabalho agrícola no conjunto das ocupações, com destaque para os postos de trabalho gerados pela agricultura familiar. Por conta de diversos fatores, ele disse que tem havido uma forte destruição de postos de trabalho nesse setor. De acordo com o Censo Agropecuário, em 1996 existiam 1.331.864 pessoas ocupadas no campo maranhense; em 2006 esse número baixou para 994.144 pessoas. Isso explica, por exemplo, o arco de palafitas miseráveis que cerca o centro histórico de São Luís.
A segunda é a inexistência de ramos industriais dinâmicos que consigam absorver essa oferta de mão de obra, já que a principal atividade industrial no Maranhão é o beneficiamento primário de produtos minerais, como a fabricação de alumínio e alumina pela Alumar e a produção de ferro-gusa por pequenas unidades fabris instaladas ao longo da Estrada de Ferro Carajás. Por esse motivo, o estado, que nos anos 50, 60 e 70 do século passado recebia migrantes, passou, a partir dos anos 1980, a exportar mão de obra. E nem mesmo a sistemática transferência de recursos, via programas sociais, foi suficiente para deter esse esvaziamento:
- A transferência de renda pode até livrar as famílias da fome, mas não é capaz de dinamizar a economia da região - disse Carneiro.

terça-feira, 1 de maio de 2012

1º de Maio - Dia Internacional dos Trabalhadores
Ousar Lutar  - Ousar vencer !!!