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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Steve Jobs e a moderna maldição humana

Steve Jobs foi uma espécie de Henry Ford do final do século passado. E, tal como este, foi um campeão dessa moderna maldição humana: a ditadura do mercado.

Ford criou a linha de montagem, que subordinou de vez os trabalhadores às maquinas. Lançou automóveis que podiam ser comprados por seus operários. Foi um dos pioneiros na transformação do consumo em consumismo. Fenômeno que estendeu a imposição da lógica do trabalho à vida cotidiana. Além de trabalhar, é preciso consumir para ser alguém na sociedade industrial.

O fundador da Apple, por sua vez, criou o primeiro computador pessoal. Como o automóvel, é mais uma dessas maravilhas cuja utilidade se transformou em castigo. O primeiro suja, atravanca e mata nas grandes cidades. O outro torna a vida cotidiana cada vez mais uma extensão da vida profissional. Faz da vida urbana uma imensa linha de montagem.

Os aparelhos sofisticados de Jobs levaram o consumismo a extremos. Filas enormes se formam a cada novo lançamento. A religião do capital tem na Apple uma de suas seitas mais poderosas. Em seu fundador, um santo para quem fiéis acendem velas em telas de cristal líquido.Condição a que Ford nunca chegou. Até porque era admirador do diabólico Hitler.

O mais próximo que Jobs chegou disso talvez esteja representado pela famosa maçã mordida. Símbolo da rendição à tentação bíblica da serpente. O ato custou a danação da raça humana, mas também libertou seu potencial criativo. Jobs é um dos que melhor se aproveitaram dessa condição. Por isso mesmo, não são poucos os seus pecados.

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