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quarta-feira, 20 de maio de 2009

Funcionários de universidades estaduais exigem readmissão de sindicalista

Por Camila Souza Ramos [

Está em curso a primeira rodada de negociações entre os servidores das três universidades públicas paulistas (USP, Unesp e Unicamp) e o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), no campus Butantã da USP. A prioridade na negociação é a readmissão do ex-funcionário Claudionor Brandão, demitido em razão de sua atividade sindical na USP. Os funcionários também reivindicam aumento salarial de 17%, que corresponde a uma parte da perda de poder de compra ocorrida desde 1989.

Os funcionários da USP entraram em greve no dia 5 de maio e hoje estão paralisados os funcionários da Unesp, Unicamp, além de docentes e estudantes da USP. As três categorias das universidades estaduais realizaram hoje, às 13h, um ato em frente à Reitoria expondo suas reivindicações. Conforme foi decidido na última assembleia dos funcionários da USP, a prioridade nas negociações era a readmissão de Brandão, demitido em 2007 após a ocupação do prédio da Reitoria da USP, acusado de invasão do espaço. Brandão já havia respondido a outro processo administrativo quando foi acusado de invadir a biblioteca da FAU em 2005 para realizar piquete. “Um espaço público não se invade, se entra”, afirma Magno Carvalho, um dos diretores do sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp). A diretoria do Sintusp defende que as atividades sindicais não podem servir como motivo para a demissão de funcionários, como foi feito. Também existem outros processos administrativos contra líderes do sindicato que são repudiados pelos funcionários. O Sintusp reivindica ainda a anulação dos questionamentos de vagas de funcionários públicos que teriam sido contratados na USP ilegalmente. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) questiona desde 2006 vagas que foram abertas sem a autorização do Legislativo estadual, conforme determina texto da Constituição Estadual. O deputado Carlos Gianazzi (PSoL) marcou uma audiência pública para o dia 26 de maio para discutir a anulação dos processos com a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e os interessados.

Salários

O Fórum das Seis reivindica reajuste salarial conforme a inflação medida pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) acumulada em um ano, equivalente a 6,1%. Outra reivindicação é a de um aumento de 10% nos salários para repor parte da perda no poder de compra dos salários dos servidores. De acordo com cálculos do Fórum, em duas décadas houve uma perda acumulada de 70% no poder de compra, sendo parte resultado do aumento do ICMS, que cresceu 30,4% de 2006 a 2008. Outro ponto da pauta pede que o Cruesp aumente em R$ 200,00 o salários de todos os servidores. Em 2007, os reitores se comprometeram a pagar essa parcela fixa caso a arrecadação do ICMS ultrapassasse o patamar previsto, o que acabou acontecendo. Estudantes Os estudantes da USP também estiveram presentes no ato em frente à reitoria hoje, junto aos funcionários. De acordo com o aluno de História Stephano Azzi, um dos diretores do Diretório Central dos Estudantes, a luta dos professores conta com o apoio do movimento estudantil. “Tudo o que se consegue de benefício para a educação se consegue com as três categorias unidas”, defendeu. Stephano lembra como a mobilização dos estudantes em 2005 por conta do corte de verbas para a educação promovido pelo então governador Geraldo Alckmin e a ocupação de 2007 contribuíram para o fortalecimento dos movimentos sindicais e estudantis no estado.

Atualmente a presidente do Cruesp é a reitora da USP, Suely Vilela, que sairá de seu cargo no fim do ano. Como um principais nomes cotados pra substituir a professora está o atual diretor da Faculdade de Direito (FD), João Grandino Rodas, que no ano passado enviou a tropa de choque para retirar manifestantes que ocupavam o prédio. Stephano acredita que candidatos como Rodas têm chances para ocupar o cargo por conta do enfraquecimento da gestão de Suely após a ocupação da reitoria. “Pelo menos ela tinha uma linha de não reprimir os estudantes, mas essa posição foi enfraquecida”, lamenta. O estudante cita exemplos de unidades que reforçaram a diminuição dos espaços estudantis após o enfraquecimento político de Suely na universidade. “Em Ribeirão Preto, fecharam o prédio de vivência dos estudantes, e na EACH, o diretor quer transferir o centro de vivência para longe das salas de aula”.

Camila Souza Ramos

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