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domingo, 21 de março de 2010

Notas breves (curto e grosso!)

Por Eduardo Garcia C. do Amaral, no twitter
Professor de Filosofia, em greve.


Secretaria da Educação "lamenta continuidade de movimento esvaziado, político e inimigo da educação", diz nota publicada na tarde do dia 12, quando cerca de 40 mil professores desciam a rua da Consolação rumo à Praça da República.

A nota da SEE diz ainda que os professores não aderiram à greve porque aprovam as medidas do governo. Quem continua em sala de aula dá razão ao governo, entre a omissão e a conivência. Não venha reclamar depois.

Em editorial, Estadão repete o trololó contra o sindicato. Vale ainda a versão: quem não para tá feliz com o governo que tem. Então, caro professor em dúvida com a greve: Ouça um bom conselho, de graça: aja duas vezes antes de pensar! A hora é agora! E é hora de greve!

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Resistir ou se adaptar?

Os argumentos contra a greve que ouvi por aí padecem de qualquer compromisso com o bom senso e levam o sujeito à adesão ou adaptação às regras do jogo: "salve-se quem puder e dane-se o resto".

:: Lembranças ao Capitão Nascimento, "pede pra sair", do Tropa de Elite:
"Professor não tem do que reclamar. Quando entrou no Estado, sabia que o salário era ruim. Não tá feliz, pode ir embora."

:: Emprego um só não basta, eu gosto é de exploração:
"Eu é que não fiquei de brisa. Sempre trabalhei em mais de um emprego. Claro que com um só não dá pra viver!"

:: Um verdadeiro revolucionário, ou vai-indo-que-eu-não-vou:
"Greve só resolve se todo mundo parasse. Tudo. Desde a saúde, o transporte, e até a educação. Aí sim eu paro."

:: Segredo de Tostines:
"Não aguento mais o sindicato; é sempre essa história de aumento de salário e o salário nunca aumenta."

:: Do tempo da carrochinha:
"Greve é uma coisa muito antiquada. Hoje ninguém mais faz. O jeito é trabalhar bastante. Não vejo a hora de me aposentar."

:: Resposta deste editor: A greve é tão antiquada quanto a exploração do trabalho. Ainda não vivemos em um mundo renovado em que estas velharias estivessem superadas.

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Freud explica

Ato falho: desejo [de greve] negligenciado e reprimido escapa e se manifesta em gesto involuntário, troca de palavras, lapso ou esquecimento.

:: Um professor assinou por engano o livro ponto na página errada, no lugar do professor em greve. Freud explica.

:: Outra professora dá aulas mas esquece de assinar livro ponto, desde o dia 5. Freud também explica.

:: Professor diz que não entra em greve porque o salário é ruim. Quando o salário melhorar, ele diz que faz greve. Essa, nem Freud.

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Aula de greve - 1

O aluno pergunta ao professor aborrecido: "por que então você não faz greve?"

O professor tergiversa, diz que até é a favor, mas que ele mesmo não pode.

O aluno: “Ah, entendi: é o medo como lição de vida”.

Se os professores servem de exemplo a seus alunos, então a greve tem um valor pedagógico inestimável.

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Pensando bem...

Um professor me disse que a greve é até boa para o governo, pois assim, com a escola fechada, ele economiza em água e luz. Não, professor. O maior custo da educação ainda é com a nossa luz e com nosso suor, coisas que você está disposto a vender por muito pouco.

Um comentário:

  1. Professor não é palhaço,para fazer uma faculdade e dpois ir trabalhar de graça,ficando a cada dia mais surdo e com tendências a labirintite devido a gritos de crianças.Com mais tendências a problemas visuais devido a tantos trabalhos que corrigiu.Ou com traumas nas cordas vocais,ou mesmo psiquicamente pelas violências e maus-tratos que recebeu em seu dia-a-dia,inclusive do Governo Estadual de José Serra,onde,além dos baixos salários,não se tem tickets-refeição e nem vale-transporte para os docentes!!!!!!!

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