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sexta-feira, 20 de março de 2009

Professor em entrevista fala sobre assinatura da revista Nova Escola e política educacional do governo paulista

Em entrevista ao Observatório da Educação, Mateus Lima, professor de história , Diretor da Apeoesp e membro do coletivo Apeoesp Na Escola e na Luta tratou da assinatura de 200 mil exemplares da revista Nova Escola pelo governo do estado.

Ele questionou a contratação sem licitação e criticou a quebra da autonomia escolar, uma característica da atual gestão da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo.

1 - Como acompanhou o caso da assinatura da revista Nova Escola?

Já acompanhamos isso desde o final do ano passado. No mês de dezembro, o editorial da publicação comemora a marca de um milhão de exemplares e credita o aumento às compras governamentais. Há uma série de governos, como o de São Paulo, que compra exemplares para distribuir. E pelo que parece, é uma compra sem licitação. E há também a compra de uma cartilha da Editora Abril para aula de apoio para o terceiro ano do ensino médio, de preparo para os vestibulares. Então, o governo de São Paulo é um grande comprador da Editora Abril. E não é por acaso que as revistas Veja e Nova Escola sejam tão defensoras das mudanças que o governo vem implementando.

2 – Desde quando recebe as revistas ?

Já vem desde o ano passado. A maioria recebe em casa, mas eu pego na escola.

3 – Receberam orientação sobre o uso do material?

Não, mas acredito que em breve vai ser feita. A revista Nova Escola serve como apoio do projeto educacional do governo. As mudanças que a secretaria promove recebem a chancela da revista. Em suas reportagens, volta e meia, defende alguns aspectos da política educacional paulista.

4 – Na sua opinião, qual deveria ser o procedimento das administrações públicas para compra de materiais como esse?

Evidentemente que uma compra, sem licitação, de quantidade tão grande de revistas, fere qualquer princípio republicano. Ainda mais sabendo que a Editora Abril e o Governo do Estado são ideologicamente muito próximos. Parece um esquema de repasses de recursos públicos para a Editora Abril, que por sua vez faz a propaganda do Governo do Estado. Do ponto de vista educacional, a revista Nova Escola é voltada para formação dos professores, serve como subsídio. Mas o que acontece hoje no estado de São Paulo é a imposição curricular. O governo estabeleceu um currículo padrão, obrigatório. Então, há um caderno do professor, que explica o que e como o professor deve ensinar, além de cartilha para os alunos, um caderno de exercícios, até mesmo as avaliações, já vem tudo pronto. O que o governo Serra está fazendo é não deixar espaço para usar outras fontes, nem mesmo o livro didático. E essa imposição dos conteúdos está ligada ao Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo). O objetivo é melhorar a nota no Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo), para poder ter estatísticas melhores. E as escolas que tiverem melhor pontuação, o professor recebe uma bonificação.

Fonte: Observatório daEducação

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